sexta-feira, 6 de março de 2009

Naufrágio com terra à vista



Ainda a respeito do desemprego, que passado um mês do meu último "post" ainda se mantém na actualidade e promete ficar mais uns tempos...

Esta semana passou na TSF mais uma excelente reportagem com o título "Naufrágio com terra à vista".
Este trabalho da TSF relata várias experiências de gentes sofridas, que de um momento para o outro se vêm desamparadas, roubadas da sua dignidade.
Novos para a reforma, velhos para trabalhar..., frase muito repetida por quem desespera em busca de uma nova vida de trabalho depois dos 50.
Mundo às avessas, olhamos para o nosso umbigo e fazemos de conta que o drama não nos diz respeito.
-"Nem para os jovens quanto mais para os velhos...", parecem dizer os empregadores. Empresários do lucro fácil e da falta de escrúpulos, isolados nas suas ilhas fartas de falsos luxos, que não sentem que a fortuna se esvai ao ritmo que despejam vidas na sarjeta.
Empresários que nunca pararam para pensar que a sua verdadeira fortuna são essas vidas, gastas por anos e anos de trabalho, anos e anos de lealdade e dedicação que se esgotam em segundos numa decisão de números.
Tenho para mim que o sucesso e a fortuna se espelham naqueles que fomentam o bem estar e felicidade própria sem esquecer a do próximo.

Haja saúde, já que não há trabalho e bom senso!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nos tempos de desemprego que correm...


Sérgio Godinho : Arranja-me um emprego
Letra e música: Sérgio Godinho




Tu precisas tanto de amor e de sossego
- Eu preciso dum emprego
Se mo arranjares eu dou-te o que é preciso
- Por exemplo o Paraíso
Ando ao Deus-dará, perdido nestas ruas
Vou ser mais sincero, sinto que ando às arrecuas
Preciso de galgar as escadas do sucesso
E por isso é que eu te peço

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Se meto os pés para dentro, a partir de agora
Eu meto-os para fora
Se dizia o que penso, eu posso estar atento
E pensar para dentro
Se queres que seja duro, muito bem eu serei duro
Se queres que seja doce, serei doce, ai isso juro
Eu quero é ser o tal
E como o tal reconhecido
Assim, digo-te ao ouvido

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Sabendo que as minhas intenções são das mais sérias
Partamos para férias
Mas para ter férias é preciso ter emprego
- Espera aí que eu já lá chego
Agora pensa numa casa com o mar ali ao pé
E nós os dois a brindarmos com rosé
Esqueço-me de tudo com um por-do-sol assim
- Chega aqui ao pé de mim

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Se eu mandasse neles, os teus trabalhadores
Seriam uns amores
Greves era só das seis e meia às sete
Em frente ao cacetete
Primeiro de Maio só de quinze em quinze anos
Feriado em Abril só no dia dos enganos
Reivindicações quanto baste mas non tropo
- Anda beber mais um copo

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

A corrupção, afinal é um bom investimento


FREEPORT...FREEPORT....de tanto ouvir estas palavras nos últimos dias, quase que dá vontade de apoiar a causa...libertem lá o "Port", (ainda aqui à uns meses era FREETIBET...FREETIBET...).



Mas agora a sério...,(não consigo)..., já repararam que os 4 milhões de contos que são referidos como pagos para aprovação do projecto foram um bom investimento para o referido centro comercial?
Se analisarmos o número de vezes que o nome "Freeport" tem sido referido nos mais variados órgãos de comunicação social, com honras de abertura de telejornais e primeira página na imprensa escrita, a campanha até saiu barata.
Para os tempos conturbados que se vivem, com esta campanha, o Freeport já deu um pontapé na crise.

Já estou a imaginar as famílias que nunca foram ao centro comercial de Alcochete a desviarem a sua tradicional rota do Colombo ou Norteshopping só porque é notícia...
- Ó pai, vamos lá ao centro comercial do estuário do Tejo...
- Ó filha...não sei...-Acho que aquele centro comercial é perigoso- Foi construído em terreno pantanoso...o Sócrates já lá foi e enterrou-se todo até ao pescoço...

E do Dolce Vita e do Continente ninguém fala pois não....
Até o Amoreiras está esquecido desde que o Taveira deixou de lá filmar...


Viva o consumo...vivam os centro comerciais...